Os Sonetos
A poesia de Cláudio é uma ponte entre o barroco e o árcade. Os 2 estilos lhe marcaram a obra com exageração do barroco e a busca da simplicidade dos árcades. Conhecedor da técnica do verso, homem de boa biblioteca e extensa leitura, um intelectual, talvez até mentor de Tomás Antônio Gonzaga em assuntos intelectuais e jurídicos, e, sobretudo um grande poeta.
Sonetos
Já rompe, Nise, a matutina aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.
Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado o prazer tanto melhora!
Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda, que coisa é alegria;
E a suavidade do prazer trocada,
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.
Obras
É o introdutor do estilo árcade na literatura brasileira. Por isso seus primeiros poemas carregam ainda detalhes bem típicos do estilo barroco.
Em 1768, lança seu livro se poemas intitulado “Obras” e funda Arcádia Ultramarina dando inicio ao Arcadismo, ao Neoclassicismo (Retorna a beleza e a pureza dos escritores clássicos contra o exagerado gongorismo).
Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algumas poesias barrocas, sob a influência jesuítica. apartir daquela data procurou sempre trabalhar de acordo com o pensamento árcade destacando por seus sonetos, perfeitos na forma e na linguagem. Seu temas giram em torno das reflexões morais, das contradições da vida, tão ao gosto dos poetas renascentistas, percebendo inclusive uma acentuada influência camoniana. Cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona sua condição do pastor que tem a natureza como refúgio ou ainda o sofrimento amoroso, as musas idealizadas.
Mais tarde escreve “Vila Rica” (narra a história da cidade desde sua fundação exaltando a atuação dos bandeirantes. O texto dividi-se em 10 contos, em versos decassílabos, e apresenta as seguintes partes: Preposição, Inovação, dedicatória, narração e epílogo) e “Memória histórica sobre a capitania de Minas Gerais”. Traduziu “A riqueza das Nações” (de Adam Smith). Escreveu também textos teatrais, entre eles o “Parnaso Obsequioso”, peça que foi musicada. Em Portugal publica: “O Labirinto de Amor”, “Números Harmônicos”, “Munúsculo Métrico”.
Dedicou-se, numa centena de sonetos, a reviver os motivos bucólicos e o idealismo neoplatônico, mas ficando só no nível dos motivos neoclássicos. Também tentou a épica narrativa na “Fábula do Ribeirão do Carmo” e no poema “Vila Rica”, cuja o principal valor além do documental, é a pureza dos versos neoclássicos e também o nativismo da paisagem este mal revelado em seus sonetos.
Também encontram espaços na poesia de Cláudio Manuel as influências da paisagem local: o ribeirão do Carmo, rio que corta a região; os vaqueiros, em lugar de pastores gregos; as montanhas e os vales e as constantes referencias às pedras, que sugerem o ambiente agreste e rústico de MG: “Destes penhascos faz a natureza o berço de ouro em que nasci: Oh quem cuidara, que entre penhas tão duras se criara uma alma eterna, um peito sem dureza.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Arcadismo no Brasil
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O Arcadismo, de modo geral, foi influenciado pelo Século das Luzes, chamado de Iluminismo. Esse movimento influenciou os pensamentos dos intelectuais e ocasionou a pesquisa e análise do mundo pela perspectiva da razão e da ciência. Assim, tudo era explicado ou por meio científico ou por constatação de algo palpável.
Esse período de mudanças filosóficas compreende a segunda metade do século XVIII, no qual a Europa estava dominada economicamente pela burguesia.
Enquanto isso, no Brasil, o século do ouro desponta e cresce extraordinariamente, com a mudança do polo econômico da região Nordeste para o Rio de Janeiro e, principalmente, para Minas Gerais. É este estado que irá servir de cenário para os diversos acontecimentos marcantes da história, além da mineração, a Inconfidência, o caso de Tiradentes, o artista Aleijadinho.
O estilo literário árcade no Brasil tem início com a publicação das Obras poéticas de Cláudio Manuel da Costa, em 1768 e se estende até 1836 com a obra Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves Magalhães, a qual inaugura o Romantismo.
Os poetas árcades encontram inspiração nas terras mineiras, principalmente Vila Rica-Ouro Preto, cenário de suas poesias; e também refúgio, não nos filósofos iluministas como Voltaire e Montesquieu, voltados para a política e moral, mas em Horácio que se prendia em pensamentos como “fugere urbem” (fugir da cidade) e “carpe diem” (gozar o dia). Daí o Arcadismo ser conhecido pela exaltação da natureza e pelo bucolismo.
A escola literária árcade é caracterizada por uma produção voltada ao lirismo amoroso de Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga; à épica, com a exaltação do índio em Caramuru e O Uraguai de Santa Rita Durão e Basílio da Gama, respectivamente.
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O Arcadismo no Brasil tem seu surgimento marcado por dois aspectos centrais. De um lado, o dualismo dos escritores brasileiros do século XVIII, que, ao mesmo tempo, seguiam os modelos culturais europeus e se interessavam pela natureza e pelos problemas específicos da colônia brasileira; de outro, a influencia das idéias iluministas sobre nossos escritores e intelectuais, que acarretou o movimento da Inconfidência Mineira e suas trágicas implicações: prisão, morte, exílio, enforcamento.
O Arcadismo brasileiro originou-se e concentrou-se principalmente em Vila Rica ( hoje Ouro Preto) MG, e seu aparecimento teve relação direta com grande crescimento urbano verificado nas cidades mineiras do século XVIII, cuja a base econômica século XVIII, cuja a base econômica era a extração de ouro.
O crescimento espantoso dessas cidades favorecia tanto a divulgação de jovens brasileiros, providos das camadas privilegiadas daquela sociedade, foram buscar em Coimbra, já que a Colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as idéias iluministas que faziam fermentar a vida cultural portuguesa à época das inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal, adepto de algumas idéias de ilustração.
Essas idéias em Vila Rica, levaram vários intelectuais e escritores a sonharem com Inconfidência do Brasil, principalmente após a repercussão da independência dos EUA (1776). Tais sonhos culminaram na frustada Inconfidência Mineira (1789).
Cecília Meireles, em seu Romanceiro da Inconfidência Mineira, registra o espírito febril provocado pelo ouro:
“Mil galerias desabam; mil homens ficam sepultados, mil intrigas, mil enredos prendem culpados e justos; já ninguém dorme tranqüilo, que a noite é um mundo de sustos.”
CONCLUSÃO
O Arcadismo em si, era formado por ideais renascentistas, da Antigüidade Clássica, pois o Barroco já havia ultrapassado os limites do que se considerava arte de qualidade.
Por emitir também princípios ideológicos iluministas, o arcadismo fez com que a burguesia crescesse e tomasse o poder sobre a nobreza.
Esse período foi marcado pela visão científica e pelo racionalismo, porque defendia uma literatura mais simples, objetiva, descritiva e espontânea, que se supõe à emoção, à religiosidade e ao exagero do Barroco.
Tal gênero predominou até o início do século XIX, quando surge o Romantismo
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